segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

As BBBobagens da TV


      O cronista e escritor Luiz Fernando Veríssimo definiu em uma frase a fase atual da TV aberta no Brasil, referindo-se ao Big Brother Brasil (BBB), exibido pela rede Globo, programa de maior audiência no país: Dizem que Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo, principalmente pela banalização do sexo. O BBB é a pura e suprema banalização do sexo”. Se fizermos uma análise do que nossa TV aberta nos oferece diariamente, podemos concluir que a afirmação do escritor pode ser aplicada a uma grande e variada gama de programas, principalmente as novelas e alguns outros programas exibidos nos vários canais. O escritor afirma ainda que “Chega a ser difícil encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa modesta inteligência”. Os comentários de Veríssimo se referem ao programa que foi ao ar no ano passado (BBB11), mas com certeza espelha a realidade atual, tanto do próprio programa citado, como de dezenas de outros do mesmo nível.
      Há dias a Globo anunciou a eliminação de um dos elementos componentes do BBB por considerar seu comportamento como "inadequado". Não tenho o hábito de assistir este programa que considero e pior lixo da TV Brasileira, mas pelo que vi nas reportagens sobre o assunto, acho que as autoridades deveriam eliminar sim, o programa todo por "comportamento inadequado". Acho que assistir programas de baixo nível como esse, que explora escandalosamente o comportamento humano, somente contribui para que porcarias como essa se transformem em sucesso nacional. Pior é quem patrocina esse tipo de "jogo sujo" que somente colabora para a desagregação das famílias à vista dos maus exemplos que propaga. Pelo pouco que vi durante as chamadas do programa, achei ridículo o que a Globo fez com o Sr. Pedro Bial, apresentador da palhaçada, que mais parece um cafetão, fazendo propaganda de sua "mercadoria".
      A maioria dos programas exibidos atualmente pela TV aberta busca única e exclusivamente chamar a atenção do público ao apelo comercial. Bons índices de audiência geram altas receitas de anunciantes e aumentam o lucro de seus proprietários, sem se importar com a qualidade dos programas e sem a menor observância dos valores culturais, morais e éticos da sociedade. Vivemos numa espécie de “reino das baixarias” onde tudo é permitido em nome da chamada “liberdade de imprensa” e assim cada emissora coloca no ar aquilo que seus produtores acham que vai chamar mais a atenção e fazer crescer os índices de audiência. É a famosa troca da esculhambação do conteúdo pela valorização do espaço e do horário.
      Estima-se que a rede Globo obteve no ano passado, só com o BBB11, um lucro de cerca de 400 milhões de reais e que projeta para a atual versão BBB12, uma receita de 500 milhões de reais, somados aí as quotas dos patrocinadores e a mina de ouro das ligações telefônicas pagas pelos “otários” que votam nos paredões, que representa a fatia mais gorda do valor da arrecadação do programa. Cá entre nós, é dinheiro pra caramba, e com isso, segundo o conceito dos diretores da Globo “dá até pra vender a alma pro diabo” e transformar um bando de imbecis em heróis – como preconiza o apresentador Pedro Bial, referindo-se aos componentes do programa A Globo gosta, adora criar heróis à sua moda, uma espécie de Macunaíma (o herói sem caráter) da TV. Bastou ver o caso do UFC transmitido por uma emissora concorrente cair no gosto do público que a Globo logo tratou de “comprar” os direitos de transmissão, para mostrar o triste espetáculo televisivo onde dois marmanjos musculosos se espancam num espaço limitado, em explícitas cenas de violência, até que um deles seja “detonado” pelo outro. O BBB é bem similar ao UFC já que apresenta também no espaço limitado do confinamento, um bando de marmanjos de ambos os sexos, de corpo sarado e mentes vazias, em cenas degradantes na busca de prêmios que pode ser um carro, uma vaga na próxima novela global, espaço na mídia, entrevistas em várias emissoras, a fama ou o prêmio maior de 1,5 milhões de reais. No fundo, todos querem virar celebridade.
      O BBB, a exemplo de muitos outros programas produzidos pela nossa TV, é um produto típico da cultura de massa, assim como as novelas, sem qualquer noção e desprovidos de qualquer valor moral ou ético, objetivando somente a consolidação de elevados índices de audiência. Com isso, perde-se o fio condutor que deveria balizar o comportamento das empresas de comunicação, que como todos nós sabemos, é uma concessão pública e deveria respeitar os valores mínimos de nossa sociedade e não prestar desserviço ao apresentar programas que não trazem nenhum conteúdo cultural e informativo e não acrescenta nenhum conhecimento nem informação ao público e aos próprios participantes que são, conforme afirma Luiz Fernando Veríssimo “pessoas que se prestam a comer, beber, tomar sol, fofocar, dormir e agir estupidamente”.
      Enquanto houver público para assistir, somar pontos na audiência e oferecer dinheiro fácil, recolhido aos montes através das contas telefônicas, teremos que continuar aturando programas como o BBB e mais de uma dezena de outros que nada acrescentam a nossas vidas. Quem liga a TV para assistir programas de baixo nível esta trazendo para dentro de sua casa a imoralidade, a banalização da vida e permitindo que pessoas que dão maus exemplos sirvam de modelo para o comportamento social das pessoas com as quais convive. Com atitude, podemos acabar facilmente com essa situação – Basta desligar a TV ou trocar de canal quando o conteúdo for desagradável e não recomendado. Agora, se VOCÊ é daquelas pessoas que adora bobagens e baixarias, tome cuidado, pois um dia desses pode acabar no paredão...
Autor: Francisco Ricci – Economista e membro do Observatório Social – “ricciopinião.blogspot.com”.

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