terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O cordel do BBB

O educador e cordelista baiano Antonio Carlos de Oliveira Barreto fez em forma de versos de Cordel sua crítica ao programa da Globo Big Brother Brasil. Veja a seguir os versos:
Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.
Há muito tempo não vejo
Um programa tão 'fuleiro'
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.
Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, 'zé-ninguém'
Um escravo da ilusão.
Em frente à televisão
Lá está toda a família
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme 'armadilha'.
Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.
O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.
Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.
Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.
Respeite, Pedro Bial
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Dar muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.
Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social
Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério - não banal.
Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.
A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os "heróis" protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.
Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.
Talvez haja objetivo
"professor", Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.
Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.
É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos "belos" na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.
Se a intenção da Globo
É de nos "emburrecer"
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.
A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.
E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.
E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.
E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados
Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.
A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.
Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual.
Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?
Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Quando o direito substitui a ética.


      Li recentemente um artigo escrito pelo jornalista, produtor e crítico musical Nelson Motta, publicado na edição de 11 de novembro de 2011 no jornal O Globo, cujo título “Desavergonhados”, faz referência entre o certo e o errado e descreve com maestria o comportamento de algumas autoridades do país, especialmente da classe política.
     Escreveu o jornalista “O errado e o malfeito, a incompetência e o desleixo, a estupidez e a má-fé são próprios da condição humana. A diferença está entre os que se envergonham e os desavergonhados. Nas sociedades em que a violência e o crime são vistos como ofensas à comunidade, e não ao Estado, em que a noção de ética antecede a de direito, em que o importante é fazer o certo e não meramente o legal, há menos crime, violência e corrupção, e todo mundo vive melhor”.
      Citando o professor Elton Simões, o jornalista acrescenta que: "Existe algo fundamentalmente errado em uma sociedade quando as noções de legalidade ou ilegalidade substituem as de certo ou errado. Quando o sistema jurídico fica mais importante do que a ética. Nesta hora, perdemos a vergonha". Nelson Motta acrescenta ainda: “Como os políticos que, antes de jurarem inocência, bradam que não há provas contra eles. Ou que seu crime foi antes do mandato. Não por acaso, no Brasil, onde a falta de vergonha contamina os poderes e a administração pública - apesar de todo nosso progresso econômico e avanços sociais -, a criminalidade, a violência e a corrupção crescem e ameaçam a sociedade democrática. Não há dinheiro, tecnologia, leis ou armas que vençam a sem-vergonhice. Só o tempo, a educação e líderes com vergonha”.
      Relendo o artigo não pude deixar de fazer uma relação entre o que o jornalista escreveu e os recentes acontecimentos que envolvem o nosso Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que se transformou no alvo predileto da ira das associações de Magistrados, simplesmente por estar investigando denuncias contra alguns membros do poder judiciário.
      Segundo o COAF (Controle de Atividades Financeiras), entre 2000 e 2010, foram feitas, por intermédio de 3.426 funcionários do Judiciário e magistrados ou pessoas que lhes são próximas, movimentações financeiras atípicas no montante de R$ 855 milhões. A divulgação da informação se deu em meio a um confronto entre a corregedora nacional de Justiça, que defende amplo e irrestrito poder de investigação pelo CNJ e as associações de magistrados, que defendem que o órgão só pode agir depois que as corregedorias dos tribunais fizeram suas investigações. Na verdade o confronto se iniciou no ano passado quando a corregedora causou grande polêmica, ao afirmar que existem "bandidos de toga".
      Já se sabe através da imprensa que há casos de corregedores punidos por manter paralisados processos disciplinares contra magistrados. Os engavetamentos dos processos foram detectados pelo CNJ em inspeção realizada em 2009, quando foram encontrados 39 procedimentos disciplinares contra juízes e desembargadores paralisados desde 2007, sendo 16 de forma indevida.
      Querem acabar com os poderes do CNJ com a alegação de que o órgão, apesar de estar tentando punir imoralidades praticadas no Judiciário, não age de forma legal, ou seja, apesar de estar fazendo o que é certo e moral, afirmam não ser legal. É o típico caso do uso da legalidade para acobertar a imoralidade.
      Circulam notícias de que no próximo dia 31 deverá ocorrer um ato público que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) promoverá, contra o esvaziamento dos poderes do CNJ para processar e julgar questões envolvendo magistrados. Ao que parece, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), bem como a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), já confirmaram oficialmente a participação no evento. Segundo Ophir Cavalcante, presidente nacional da OAB, “o CNJ foi uma boa novidade. Ele quebrou um paradigma que antes era um mantra no Judiciário: a impunidade dos juízes. Eles eram considerados por eles próprios deuses no Olimpo, que jamais seriam objeto de qualquer tipo de investigação, mesmo quando violassem as leis”.
      Para nós. Cidadãos comuns, o Judiciário é visto como a base e os pilares da moral e da ética que sustentam nossa sociedade e representa o “supra-sumo” da autoridade nacional. Por isso, não há que se permitir que o CNJ venha a ser desmantelado ou descaracterizado, impedindo que o mesmo continue a fiscalizar e a punir na forma da lei, as ovelhas negras. Não podemos aceitar que alguns “desavergonhados” continuem a manchar a retidão da imagem e do respeito que nutrimos, como cidadãos, pela instituição reconhecida pela Sociedade como efetivo instrumento de manutenção da justiça, da ordem, da moral, da ética e da paz social.
"A Autoridade da Justiça é moral e sustenta-se pela moralidade de suas decisões" (Rui Barbosa).

Autor: Francisco Ricci – Economista e membro do Observatório Social 

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Comportamento Inadequado.

A Globo anunciou a eliminação de um dos elementos componentes do BBB por considerar seu compartamento como "inadequado". Não assisto este programa que considero e pior lixo da TV Brasileira, mas pelo que vi nas reportagens sobre o assunto, acho que as autoridades deveriam eliminar sim, o programa todo por "comportamento inadequado". Acho que pessoas que tem o péssimo habito de assistir programas de baixo nível como esse, que explora escandalosamente o comportamento humano, somente contribuem para que porcarias como essa se transformem em sucesso nacional. Pior ainda é quem patrocina esse tipo de "jogo sujo" que somente contribui para a desagregação das familias Brasileiras à vista dos maus exemplos que propaga. Pelo pouco que ví durante as chamadas do programa, achei ridículo o que a Globo fez com o Pedro Bial, Guru máximo da palhaçada, que parece fazer o papel de um Cafetão, fazendo propaganda de sua "mercadoria".

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Promoção Pessoal


      Dia 31/12/2011, véspera de ano novo, o município de Engenheiro Beltrão contratou uma banda, que causou perplexidade em algumas das pessoas presentes no local, mas, como o objetivo da matéria não é comentar sobre as dançarinas. A banda animava o show da virada quando a cantora resolveu agradecer a pessoa do prefeito por tê-la contratado para animar as festividades com as seguintes palavras: “... agradeço ao prefeito Elias Lima ...”. Ocorre que por uma infelicidade, a cantora acabou cometendo um crime previsto no artigo 11, da Lei 8429/92, quanto à impessoalidade. O prefeito não é obrigado a saber de todos os crimes previsto em lei, mas deve ter assessoria que o oriente quanto aos atos que pratica. Neste caso específico, não foi o prefeito quem o praticou, porém, é inegável que se beneficiou com o ato praticado, desta forma, deveriam ter orientado previamente a cantora, já que todos sabiam que o prefeito seria chamado ao palco, para que não efetuasse agradecimentos pessoais ao mesmo sob pena de violação de norma legal.
      O prefeito atua como agente político, e nesta condição deve agir somente na forma prevista na legislação, já que os bens da municipalidade, inclusive os recursos financeiros, não são de propriedade do prefeito, mas sim, de toda a população. Desta forma, quem contratou o show foi a população representada pelo prefeito eleito democraticamente por voto direto, logo, o agradecimento deveria vir à população, ou no máximo, à prefeitura municipal. Quando a cantora se referiu à pessoa do Sr. Elias Lima, praticou um ato de “promoção pessoal” do mesmo, o que implica em crime.
      O que é público pertence a todos, porém, algumas pessoas entendem que “o que é público não é de ninguém”, e com base nesse tipo de pensamento pratica atos de vandalismo contra o patrimônio público, só que, em sã consciência, uma pessoa não atenta contra o seu próprio patrimônio. Pior ainda é alguns agentes políticos entenderem que o que é público é só deles. Entendo ser inadmissível o convívio numa sociedade assim.
      Voltando ao cerne da questão, diversos shows já foram contratados pelo município nos seus cinqüenta e sete anos de emancipação política, e destes, numa boa parte ocorreram agradecimento em nome pessoal dos prefeitos, mas estes fatos não mudam a legislação que regulamenta o assunto, que por sinal, ano a ano, vem endurecendo contra os administradores públicos.
      Precisamos conhecer a legislação para cobrar de nossos administradores atitudes retas e enérgicas, pois, se nosso município não anda bem, como se comenta, nós cidadãos também somos culpados, pelo fato de que elegemos nossos representantes e simplesmente nos omitimos durante quatro anos, ignorando tudo o que acontece dentro das prefeituras como se não fosse de nossa conta. Sendo esse o comportamento do cidadão, também entendo que os agentes políticos estariam corretos ao pensarem que o que é público é somente deles.
      Precisamos mudar nossas atitudes e entender que o processo político se encerra ao final de cada eleição, e que a partir desse momento, em que a maioria elege o prefeito, não existe mais o prefeito eleito pelo partido A ou B, mas sim, o prefeito eleito pela população para administrar os recursos públicos em prol da comunidade, sem descumprir a legislação.
      Talvez o crime pudesse passar despercebido pela maioria da população que não conhece a legislação – população esta que exige direitos mas não cumpre seus deveres – mas nós estávamos lá para curtir a festa, como centenas de cidadãos beltrãoenses e ficamos desconcertados com as palavras da cantora.
      Estamos as vésperas de uma nova eleição, a partir de agora os ânimos se acirram, as conversas paralelas se multiplicam e o trabalho do Observatório Social também deve ser multiplicado. Até agora, trabalhamos um pouco descompassados, porém, o tempo foi importante para entendermos quem são as pessoas da comunidade que realmente tem interesse no progresso do município e aqueles que somente se preocupam com politicagem.
      O Observatório está consolidado, ainda assim, continuamos necessitando de mais membros. Seja mais um voluntário e colaborador, venha nos ajudar a construir uma democracia mais participativa e transparente.
      Dentre nossas atividades está o aprendizado da legislação que regulamenta o funcionamento do ente público e todos que buscam entender mais sobre o processo administrativo público podem participar do observatório social dentro das limitações impostas pelo estatuto social (disponível em www.oseb.org.br).
      Nossas atividades são desenvolvidas de forma voluntária, sem remuneração, por amor ao município, buscando sempre a economia e a melhor aplicação dos recursos públicos, mas, como cidadãos, não podemos deixar de prover o sustento de nossas família, por isso, nenhum dos atuais membros pode dispender um tempo maior do que aquele que já vem sendo disponibilizado para trabalhar em prol do Observatório Social, assim,a adesão de um número maior de membros se faz necessária para que possamos multiplicar a representatividade do observatório e ampliar exponencialmente nossa capacidade de trabalho. Venha participar conosco.

Autor: Sérgio Bergo de Carvalho – Presidente do Observatório Social – Contador e Perito Judicial.
Colaboração: Francisco Ricci

Estamos de Volta.

Após duas semanas de folga curtindo as festas de final de ano e um pouco de praia, estamos de volta a nossas atividades diárias e para começar o ano, publicaremos um artigo escrito pelo colega de Observatório Social Sérgio Bergo de Carvalho, a respeito da festa da virada do ano em Engenheiro Beltrão, vista sob o olhar de um bom observador. O artigo intitulado de "Promoção pessoal" mostra como os políticos usam de todos os artifícios possíveis para se promoverem pessoalmente, evidentemente às custas do dinheiro público, ao arrepio da Lei Eleitoral e em flagrante desrespeito às leis do País. 

Estamos de Volta.

Após duas semanas de folga curtindo as festas de final de ano e um pouco de praia, estamos de volta a nossas atividades diárias e para começar o ano, publicaremos um artigo escrito pelo colega de Observatório Social Sérgio Bergo de Carvalho, a respeito da festa da virada do ano em Engenheiro Beltrão, vista sob o olhar de um bom observador. O artigo intitulado de "Promoção pessoal" mostra como os políticos usam de todos os artifícios possíveis para se promoverem pessoalmente, evidentemente às custas do dinheiro público, ao arrepio da Lei Eleitoral e em flagrante desrespeito às leis do País.