Cada dia que passa fico mais convencido de que a principal atividade de boa parte dos políticos é a tal de brincadeira de roda. Na versão deles, brincar de roda significa descobrir maneiras inventivas de sacanear o povo através de artimanhas para desviar recursos dos cofres públicos para o próprio bolso. Chega a ser irritante a quantidade de noticias que chegam todos os dias até nós, através da imprensa, sobre atos de corrupção praticados pela categoria. Pior de tudo é que ninguém é punido, mesmo quando pegos com a “boca na botija” como nos casos de desvios ocorridos em alguns dos Ministérios de Brasília. Quando imaginamos que tudo acabou, a imprensa trata logo de descobrir novas e inventivas falcatruas ministeriais.
No atual governo, que mal se iniciou, assistimos a um festival de demissões de ministros e auxiliares, todos envolvidos em torpes negociatas para extrair benesses de programas governamentais que eles próprios inventaram. As chamadas nomeações políticas representam a praga maior que contamina toda a nossa sociedade e mostra, em elevados graus, os maus exemplos que partem daqueles que deveriam ser os guardiões da moralidade, da ética e dos bons costumes, contaminando todos os demais escalões da política Nacional.
Se a roubalheira acontece diuturnamente nos altos escalões do Governo Federal, tornando-se de conhecimento público através da imprensa, os demais componentes da política, aí incluídos os Deputados, Senadores, Governadores, Prefeitos, Vereadores e secretários, sentem-se na obrigação de seguir os mesmos exemplos dos peixes maiores. Partem do princípio de que político honesto é político otário, obviamente levando em conta que no Brasil vivemos sob o império da impunidade, especialmente quando se trata de pessoas ligadas à política.
“Se eles podem eu também posso”, desabafou um Prefeito de uma pequena cidade do interior de Minas Gerais, flagrado com a “mão na massa” a um repórter de uma emissora de TV regional, referindo-se aos desvios nos altos escalões do governo.
Infelizmente a tal de democracia participativa precisa urgentemente ser revista. Temos o poder de passar uma procuração e colocar as pessoas nos diversos cargos eletivos, com poderes ilimitados, através de nosso voto, mas não temos o poder de corrigir nossos erros quando descobrimos que fomos enganados com discursos falsos e promessas impossíveis de serem cumpridas. Colocar um político no poder é fácil, mas. tirá-lo do cargo para o qual o nomeamos torna-se uma missão impossível, afinal, são eles que fazem as leis que, via de regra são utilizadas em benefício próprio.
O que nos conforta é o fato de estar surgindo alguma luz no final do túnel. Nestes últimos meses tivemos a oportunidade de acompanhar a formação de grupos de resistência, através de movimentos que começam a tomar corpo a partir das grandes cidades do país, especialmente da Capital Federal, com passeatas e atos contra a corrupção. Além disso, entidades representativas da sociedade civil começam a se organizar e se espalhar pelas cidades brasileiras, com o intuito de fiscalizar o uso e o abuso do dinheiro público, com o claro objetivo de tentar barrar a transferência do dinheiro público para bolsos privados. Na maioria das cidades onde instaladas, essas entidades organizadas da sociedade civil, tem sido tratadas como marginais e inimigos públicos número um dos políticos, numa clara e evidente inversão de valores.
Percebemos que nossa democracia vai se consolidando, o cerco sobre a corrupção vai se fechando, alguns peões vão sendo retirados do tabuleiro e a sociedade vai se organizando para formar um guarda-chuva de proteção contra a corrupção.
Por enquanto, a brincadeira de roda continua tendo em seu cordão, os políticos que usam o poder que possuem em benefício próprio, colocando dentro da roda o povo, que como gado no curral, assiste passivamente e desenrolar dos acontecimentos.
Aos poucos, a sociedade vai tomando consciência do lamaçal que cerca a política Brasileira e começa a esboçar reações que acabará por culminar com o completo controle social do dinheiro público. Essas entidades, hoje marginalizadas pelos políticos, acabarão por ter seu reconhecimento público à medida que conseguirem desmascarar os falsos profetas da política.
O futuro será a prova da verdadeira razão!