quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A UNIÃO EUROPÉIA E O PRENUNCIO DE UMA NOVA CRISE GLOBAL


O balanço feito por economistas Europeus sobre o mês de Agosto não deixa nenhuma dúvida sobre a atual situação econômica da União Europeia (EU). Agosto para os Europeus é como janeiro para o Brasil, quando tudo mundo resolve sair de férias e viajar com a família numa espécie de pré-carnaval. Para os economistas de plantão não há nenhuma dúvida de que a crise se agravou ainda mais, atingindo níveis insuportáveis, mesmo para as economias mais fortes como a Alemanha, a Inglaterra e a França.
                O que demonstra mais gravidade é que os próprios americanos, considerados como motor da economia mundial,  parecem ignorar o perigo de uma nova catástrofe econômica vir assolar a economia mundial num futuro bem próximo, a partir dos problemas enfrentados pela UE.  Ao contrário do que deveria acontecer, os Americanos dão de ombros para os problemas enfrentados pelo continente Europeu achando que estariam “imunes” a qualquer tipo de crise externa, já que sua economia volta a dar sinais de crescimento após a violenta crise enfrentada em 2008. Só para relembrar, a crise Americana eclodiu da chamada “bolha imobiliária” quando os ativos financeiros sofreram uma gigantesca desvalorização, levando o sistema financeiro e boa parte das grandes empresas à bancarrota. A crise local se espalhou, contaminou todo o sistema econômico mundial, provocou uma grave recessão mundial e colocou em xeque as maiores economias do planeta.
                O que está acontecendo na Europa pode ter consequências muito maiores que a crise de 2008 por vários motivos: Primeiro porque as maiores economias, incluindo a Americana, ainda se ressentem das consequências de 2008 e encontram-se em fase de recuperação; Somados todos os países, a UE tem uma população, uma economia e um sistema financeiro maior do que os Estados Unidos e por consequência, um agravamento da crise poderá ter consequências mundiais maiores que a crise de 2008, que derrubou teorias econômicas consolidadas e abalou economias consideradas intocáveis . Um colapso do sistema financeiro Europeu, totalmente globalizado, vai derrubar mercados no mundo inteiro e causar um estrago muito maior que a crise anterior.
                A UE apresenta severos sinais de que a crise, ao contrário do que todos esperam, tem uma forte tendência ao agravamento nos próximos meses e o ano de 2013 poderá ficar marcado como o “ano negro” da economia mundial, senão vejamos: O mercado acionário Europeu historicamente tem enfrentado problemas nos quatro últimos meses do ano e com os ativos já violentamente desvalorizados, vai reduzir drasticamente os níveis de riqueza das famílias; O mercado imobiliário, principalmente na França, país que os Europeus mais investem em imóveis, encontra-se em queda livre; As três maiores montadoras de veículos francesas falam em corte de 10.000 empregos nos próximos meses e a França já apresenta uma taxa de desemprego em torno de 10%; o novo governo Francês, de ideologia socialista, acaba de anunciar a nacionalização de um de seus maiores credores hipotecários dando sinais de que o sistema financeiro apresenta graves dificuldades; Na Espanha, o sistema financeiro, que já caminha de muletas, tem enfrentado diariamente uma verdadeira “sangria” de recursos e o fluxo de saída já atinge, segundo Banco Central Espanhol, a cifra de 369 milhões de dólares que deixaram o sistema bancário do país, migrando para outras economias; A economia da Espanha já apresenta evidentes sinais de que em breve terá que pedir socorro aos demais países da zona do euro – o problema é que a maiorias dos países estão preocupados em salvar a própria pele enquanto a crise se agrava; A taxa de desemprego Espanhola já ultrapassa a cifra de 25% e o país mais parece um barril de pólvora prestes a explodir; O sistema bancário espanhol já vem recebendo ajuda do governo e encontra-se na UTI; A Grécia enfrenta hoje uma violenta crise econômico/financeira com níveis de pobreza e desemprego crescentes e pode acabar tendo que enfrentar uma guerra civil; A Europa como um todos apresenta taxas de desemprego crescentes, redução da atividade industrial, crise geral no sistema financeiro, violenta desvalorização de ativos. 
Segundo a agência Reuters “A crise que começou nos membros menores da periferia do bloco de 17-nações agora está varrendo a Alemanha e a França e a situação permanece terrível na região entre a terceira e quarta maiores economias a Itália e a Espanha. Nações maiores, como a França e a Alemanha continuam em marcha à ré, o setor industrial está em curso para atuar como uma draga no produto interno bruto no terceiro trimestre”.
Um olhar mais clínico sobre os atuais rumos da economia mundial mostra uma China que perde competitividade à medida que a crise Europeia se agrava, dando sinais de que terá que pisar violentamente nos freis de sua gigantesca locomotiva produtiva. Com o mundo consumindo menos, os produtos Chineses começam a se acumular nas prateleiras das fábricas num sinal de que sua atividade econômica tende a encolher nos próximos anos; Os americanos não conseguiram até agora, até por conta da eleição presidencial que se avizinha, sair do pífio e anêmico crescimento econômico; a Europa se afunda cada vez mais na crise e os países emergentes tem visto os índices de crescimento, que ainda são positivos, encolherem a cada ano.
Nesse tipo de situação o melhor remédio é o preventivo. Apostar em novas aventuras financeiras em tempo de crise à vista é como tentar navegar em mar revolto sendo marinheiro de primeira viagem. Cautela e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém.
AUTOR: Francisco Ricci – Economista.

NOS LIMITES DA IRRESPONSABILIDADE


Você leitor, como qualquer outro brasileiro bem informado, conhece ou já ouviu falar sobre a revista VEJA, de maior circulação do país entre as publicações da espécie. Quem tem o saudável habito de manter-se bem informado e acompanha as publicações das revistas semanais de informação, conhece bem a linha ideológica de publicações da VEJA, especializada em espezinhar governos de centro-esquerda. Com uma linha editorial de extrema direita a revista se popularizou por denunciar escândalos e pelos constantes ataques direcionados principalmente ao governo do PT.
      Durante as investigações da CPI do caso Cachoeira descobriu-se em grampos feito pela Polícia Federal no qual o jornalista Policarpo Junior, chefe da revista VEJA em Brasília, manteve diálogos com o contraventor Carlinhos Cachoeira que comprovam que o bicheiro municiou a reportagem da revista com informações e material de vídeos e gravações sobre o baixo mundo da política, em cujos trechos, Cachoeira e companhia aparecem decidindo em que seção da revista deveriam ser publicadas as informações repassadas ao editor da revista, com o objetivo de prejudicar “concorrentes” da quadrilha em seus “negócios”. A TV Record em seu programa Domingo Espetacular exibiu em rede nacional um vídeo que desmascara a revista VEJA, mostrando como os Jornalistas da revista agiam a mando do contraventor preso. Em fragmentos de alguns dos grampos legais feitos pela PF na investigação das atividades do bicheiro, foi possível descobrir a verdadeira face do senador Demóstenes Torres que até então fazia pose de moralista e algumas ligações espúrias de Cachoeira com a construtora Delta, além das relações incestuosas entre a quadrilha e a imprensa por intermédio da revista Veja. Segundo Matheus Rodrigues, Delegado da PF que comandou a operação Monte Carlo, o bicheiro beneficiou a imprensa com farto material obtido por meios ilegais e aponta a revista Veja, do Grupo Abril, como a grande favorecida pelo esquema de corrupção.
      Para o relator da CPI, o senador Odair Cunha (PT-MG) "se houve cooptação e corrupção de alguns atores da mídia, isso deve ser investigado". Para ele, "não há tema proibido". Alerta, entretanto, que "é preciso individualizar condutas. Quer seja entre alguns membros da imprensa, do empresariado, do Congresso Nacional, agentes de governos municipais, estaduais e do governo federal. Essas condutas que individualizadas serviram à organização criminosa, têm que ser investigadas por nós”. Durante algumas semanas ocorreu uma verdadeira “batalha” entre os integrantes da CPI, na luta pela convocação do editor Policarpo Jr, que “blindado” pela bancada oposicionista, conseguiu ver barrados os pedidos de convocação feitos por integrantes do PT, que queriam ver esclarecidas suas ligações com as atividades criminosas de Cachoeira. Segundo reportagem publicada em uma edição da revista Carta Capital, as escutas da PF nas operações Vegas e Monte Carlo, evidenciam a parceria entre o editor da revista Veja e o contraventor, na montagem de reportagens, que além de favorecer os negócios da quadrilha, serviam para alimentar ataques aos integrantes dos governos Lula e Dilma.
      Sob a alegação de “proteger” a liberdade de imprensa, tanto deputados da oposição quanto da base aliada, parecem temerosos em permitir que o jornalista seja convocado e do que pode emergir dessa convocação, enquanto parlamentares do PT afirmam que a convocação não é um atentado contra a liberdade de imprensa, mas que “trata-se de convocar um senhor que começa a envergonhar a categoria dos jornalistas.”.
      Controvérsias a parte, boa parte da chamada “grande mídia” nacional parece ter se calado perante o episódio, numa tentativa clara de tentar abafar o caso e evitar a todo custo uma possível exposição e o consequente desgaste que a imprensa, de uma maneira geral, sofreria com a exposição na CPI. Já a revista Veja, por sua vez, dá de ombros e finge não ser com ela e enquanto a notícia se espalha como um rastilho de pólvora pela Internet e nas redes sociais, fazendo vir à tona o caso ocorrido há algumas semanas quando Andressa Mendonça, esposa do bicheiro, teria chantageado um juiz, ameaçando publicar na revista Veja, por intermédio de Policarpo, um dossiê negativo contra ele. Desde o início da CPI formou-se um cordão de “figurões” a pressionar lideres partidários com o intuito de desviar o foco da questão e num intenso jogo de pressões, Fabio Barbosa, executivo da Editora Abril, tem conversado com vários comandantes partidários para tentar impedir a qualquer custo que Policarpo, o editor de Veja e Roberto Cívita, proprietário da Editora Abril, sejam convocados. Nessa mesma linha, até o vice Michel Temer foi procurado por João Roberto Marinho das Organizações Globo para solicitar: Imprensa na CPI, Jamais!
      Segundo artigo publicado no site Brasil 247, “ Veja não fala sobre o caso Policarpo-Cachoeira, mas declara seu apoio à presidente Dilma Rousseff”. A capa, que trata de um suposto ‘choque de capitalismo’ promovido pelo governo, aborda o plano de concessões divulgado recentemente pela revista. ‘Está aí uma batalha para a qual a presidente vai precisar do apoio da opinião pública. O de Veja fica desde já aqui hipotecado’, escreve Eurípedes Alcântara, em sua Carta ao Leitor. Quando sua imagem é abalada por um escândalo, Veja “Dilmou”.
      Mudança de Postura: Em uma edição da revista Exame publicada há alguns meses, a editora abril, que também publica a revista Veja, condenou veementemente a politica econômica do governo Dilma afirmando que “a mão pesada” do atual governo, numa tentativa desesperada de baixar juros e preços, promovia um “intervencionismo na economia que caracterizava um capitalismo de estado à moda Chinesa”. Já em edições posteriores a assume uma postura inversamente proporcional à ideologia da linha editorial que até então adotava – com uma reportagem de capa intitulada de “Choque de Capitalismo” a revista rasga elogios à Presidenta Dilma, afirmando que o pacote de medidas adotadas pelo governo em relação à infraestrutura do país, com projetos que somam mais de R$ 50 bilhões que serão injetados na economia, o governo promove um “choque de capitalismo” que pode resolver boa parte do problema conhecido com “custo Brasil”. A revista, neste momento, hipotecou publicamente seu apoio à presidente, por meio do editorial escrito por Eurípedes Alcântara.
      Encurralada ante a ameaça de virar capa de outras revistas do gênero (com o aconteceu com a revista Carta Capital) e de ter que enfrentar a desgastante rotina de se transformar em alvo até de uma nova CPI, que poderia ser chamada de CPI da imprensa, a direção da Editora Abril parece ter repensado sua postura de agir dentro dos limites da irresponsabilidade, ao se aliar a uma quadrilha, com objetivo de denegrir a imagem do governo do PT e de outros políticos ligados à esquerda e parece ter mudado sua linha editorial, que se pautava pelo vale-tudo em nome da liberdade de imprensa, demonstrando publicamente sua adesão ao atual governo.
      Afinal, quem mudou? A revista Veja? A editora Abril? Ou, de repente o governo que era até então demonizado, virou santo!
Autor: Francisco Ricci. Economista.