O balanço feito por economistas Europeus sobre o
mês de Agosto não deixa nenhuma dúvida sobre a atual situação econômica da
União Europeia (EU). Agosto para os Europeus é como janeiro para o Brasil,
quando tudo mundo resolve sair de férias e viajar com a família numa espécie de
pré-carnaval. Para os economistas de plantão não há nenhuma dúvida de que a
crise se agravou ainda mais, atingindo níveis insuportáveis, mesmo para as
economias mais fortes como a Alemanha, a Inglaterra e a França.
O que demonstra mais gravidade é
que os próprios americanos, considerados como motor da economia mundial, parecem ignorar o perigo de uma nova
catástrofe econômica vir assolar a economia mundial num futuro bem próximo, a
partir dos problemas enfrentados pela UE.
Ao contrário do que deveria acontecer, os Americanos dão de ombros para
os problemas enfrentados pelo continente Europeu achando que estariam “imunes”
a qualquer tipo de crise externa, já que sua economia volta a dar sinais de
crescimento após a violenta crise enfrentada em 2008. Só para relembrar, a
crise Americana eclodiu da chamada “bolha imobiliária” quando os ativos
financeiros sofreram uma gigantesca desvalorização, levando o sistema financeiro
e boa parte das grandes empresas à bancarrota. A crise local se espalhou,
contaminou todo o sistema econômico mundial, provocou uma grave recessão
mundial e colocou em xeque as maiores economias do planeta.
O que está acontecendo na Europa
pode ter consequências muito maiores que a crise de 2008 por vários motivos:
Primeiro porque as maiores economias, incluindo a Americana, ainda se ressentem
das consequências de 2008 e encontram-se em fase de recuperação; Somados todos
os países, a UE tem uma população, uma economia e um sistema financeiro maior
do que os Estados Unidos e por consequência, um agravamento da crise poderá ter
consequências mundiais maiores que a crise de 2008, que derrubou teorias
econômicas consolidadas e abalou economias consideradas intocáveis . Um colapso
do sistema financeiro Europeu, totalmente globalizado, vai derrubar mercados no
mundo inteiro e causar um estrago muito maior que a crise anterior.
A UE apresenta severos sinais de
que a crise, ao contrário do que todos esperam, tem uma forte tendência ao
agravamento nos próximos meses e o ano de 2013 poderá ficar marcado como o “ano
negro” da economia mundial, senão vejamos: O mercado acionário Europeu
historicamente tem enfrentado problemas nos quatro últimos meses do ano e com
os ativos já violentamente desvalorizados, vai reduzir drasticamente os níveis
de riqueza das famílias; O mercado imobiliário, principalmente na França, país
que os Europeus mais investem em imóveis, encontra-se em queda livre; As três
maiores montadoras de veículos francesas falam em corte de 10.000 empregos nos próximos
meses e a França já apresenta uma taxa de desemprego em torno de 10%; o novo
governo Francês, de ideologia socialista, acaba de anunciar a nacionalização de
um de seus maiores credores hipotecários dando sinais de que o sistema
financeiro apresenta graves dificuldades; Na Espanha, o sistema financeiro, que
já caminha de muletas, tem enfrentado diariamente uma verdadeira “sangria” de
recursos e o fluxo de saída já atinge, segundo Banco Central Espanhol, a cifra
de 369 milhões de dólares que deixaram o sistema bancário do país, migrando
para outras economias; A economia da Espanha já apresenta evidentes sinais de
que em breve terá que pedir socorro aos demais países da zona do euro – o
problema é que a maiorias dos países estão preocupados em salvar a própria pele
enquanto a crise se agrava; A taxa de desemprego Espanhola já ultrapassa a
cifra de 25% e o país mais parece um barril de pólvora prestes a explodir; O
sistema bancário espanhol já vem recebendo ajuda do governo e encontra-se na
UTI; A Grécia enfrenta hoje uma violenta crise econômico/financeira com níveis
de pobreza e desemprego crescentes e pode acabar tendo que enfrentar uma guerra
civil; A Europa como um todos apresenta taxas de desemprego crescentes, redução
da atividade industrial, crise geral no sistema financeiro, violenta
desvalorização de ativos.
Segundo a agência Reuters “A crise que começou
nos membros menores da periferia do bloco de 17-nações agora está varrendo a
Alemanha e a França e a situação permanece terrível na região entre a terceira e
quarta maiores economias a Itália e a Espanha. Nações maiores, como a França e
a Alemanha continuam em marcha à ré, o setor industrial está em curso para
atuar como uma draga no produto interno bruto no terceiro trimestre”.
Um olhar mais clínico sobre os atuais rumos da
economia mundial mostra uma China que perde competitividade à medida que a
crise Europeia se agrava, dando sinais de que terá que pisar violentamente nos
freis de sua gigantesca locomotiva produtiva. Com o mundo consumindo menos, os
produtos Chineses começam a se acumular nas prateleiras das fábricas num sinal
de que sua atividade econômica tende a encolher nos próximos anos; Os
americanos não conseguiram até agora, até por conta da eleição presidencial que
se avizinha, sair do pífio e anêmico crescimento econômico; a Europa se afunda
cada vez mais na crise e os países emergentes tem visto os índices de
crescimento, que ainda são positivos, encolherem a cada ano.
Nesse tipo de situação o melhor remédio é o
preventivo. Apostar em novas aventuras financeiras em tempo de crise à vista é
como tentar navegar em mar revolto sendo marinheiro de primeira viagem. Cautela
e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém.
AUTOR: Francisco Ricci
– Economista.
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