Você
leitor, como qualquer outro brasileiro bem informado, conhece ou já ouviu falar
sobre a revista VEJA, de maior circulação do país entre as publicações da
espécie. Quem tem o saudável habito de manter-se bem informado e acompanha as
publicações das revistas semanais de informação, conhece bem a linha ideológica
de publicações da VEJA, especializada em espezinhar governos de centro-esquerda.
Com uma linha editorial de extrema direita a revista se popularizou por
denunciar escândalos e pelos constantes ataques direcionados principalmente ao
governo do PT.
Durante as investigações da CPI do caso
Cachoeira descobriu-se em grampos feito pela Polícia Federal no qual o
jornalista Policarpo Junior, chefe da revista VEJA em Brasília, manteve
diálogos com o contraventor Carlinhos Cachoeira que comprovam que o bicheiro
municiou a reportagem da revista com informações e material de vídeos e gravações
sobre o baixo mundo da política, em cujos trechos, Cachoeira e companhia
aparecem decidindo em que seção da revista deveriam ser publicadas as
informações repassadas ao editor da revista, com o objetivo de prejudicar
“concorrentes” da quadrilha em seus “negócios”. A TV Record em seu programa
Domingo Espetacular exibiu em rede nacional um vídeo que desmascara a revista
VEJA, mostrando como os Jornalistas da revista agiam a mando do contraventor
preso. Em fragmentos de alguns dos grampos legais feitos pela PF na
investigação das atividades do bicheiro, foi possível descobrir a verdadeira
face do senador Demóstenes Torres que até então fazia pose de moralista e
algumas ligações espúrias de Cachoeira com a construtora Delta, além das
relações incestuosas entre a quadrilha e a imprensa por intermédio da revista
Veja. Segundo Matheus Rodrigues, Delegado da PF que comandou a operação Monte
Carlo, o bicheiro beneficiou a imprensa com farto material obtido por meios
ilegais e aponta a revista Veja, do Grupo Abril, como a grande favorecida pelo
esquema de corrupção.
Para o relator da CPI, o senador Odair
Cunha (PT-MG) "se houve cooptação e corrupção de alguns atores da mídia,
isso deve ser investigado". Para ele, "não há tema proibido".
Alerta, entretanto, que "é preciso individualizar condutas. Quer seja
entre alguns membros da imprensa, do empresariado, do Congresso Nacional,
agentes de governos municipais, estaduais e do governo federal. Essas condutas
que individualizadas serviram à organização criminosa, têm que ser investigadas
por nós”. Durante algumas semanas ocorreu uma verdadeira “batalha” entre os
integrantes da CPI, na luta pela convocação do editor Policarpo Jr, que
“blindado” pela bancada oposicionista, conseguiu ver barrados os pedidos de convocação
feitos por integrantes do PT, que queriam ver esclarecidas suas ligações com as
atividades criminosas de Cachoeira. Segundo reportagem publicada em uma edição
da revista Carta Capital, as escutas da PF nas operações Vegas e Monte Carlo,
evidenciam a parceria entre o editor da revista Veja e o contraventor, na
montagem de reportagens, que além de favorecer os negócios da quadrilha,
serviam para alimentar ataques aos integrantes dos governos Lula e Dilma.
Sob a alegação de “proteger” a liberdade
de imprensa, tanto deputados da oposição quanto da base aliada, parecem
temerosos em permitir que o jornalista seja convocado e do que pode emergir
dessa convocação, enquanto parlamentares do PT afirmam que a convocação não é
um atentado contra a liberdade de imprensa, mas que “trata-se de convocar um
senhor que começa a envergonhar a categoria dos jornalistas.”.
Controvérsias a parte, boa parte da
chamada “grande mídia” nacional parece ter se calado perante o episódio, numa
tentativa clara de tentar abafar o caso e evitar a todo custo uma possível
exposição e o consequente desgaste que a imprensa, de uma maneira geral,
sofreria com a exposição na CPI. Já a revista Veja, por sua vez, dá de ombros e
finge não ser com ela e enquanto a notícia se espalha como um rastilho de
pólvora pela Internet e nas redes sociais, fazendo vir à tona o caso ocorrido
há algumas semanas quando Andressa Mendonça, esposa do bicheiro, teria
chantageado um juiz, ameaçando publicar na revista Veja, por intermédio de
Policarpo, um dossiê negativo contra ele. Desde o início da CPI formou-se um
cordão de “figurões” a pressionar lideres partidários com o intuito de desviar
o foco da questão e num intenso jogo de pressões, Fabio Barbosa, executivo da
Editora Abril, tem conversado com vários comandantes partidários para tentar
impedir a qualquer custo que Policarpo, o editor de Veja e Roberto Cívita,
proprietário da Editora Abril, sejam convocados. Nessa mesma linha, até o vice
Michel Temer foi procurado por João Roberto Marinho das Organizações Globo para
solicitar: Imprensa na CPI, Jamais!
Segundo artigo publicado no site Brasil
247, “ Veja não fala sobre o caso Policarpo-Cachoeira, mas declara seu apoio à
presidente Dilma Rousseff”. A capa, que trata de um suposto ‘choque de capitalismo’
promovido pelo governo, aborda o plano de concessões divulgado recentemente
pela revista. ‘Está aí uma batalha para a qual a presidente vai precisar do
apoio da opinião pública. O de Veja fica desde já aqui hipotecado’, escreve
Eurípedes Alcântara, em sua Carta ao Leitor. Quando sua imagem é abalada por um
escândalo, Veja “Dilmou”.
Mudança
de Postura: Em uma edição da revista Exame publicada há alguns meses, a
editora abril, que também publica a revista Veja, condenou veementemente a politica
econômica do governo Dilma afirmando que “a mão pesada” do atual governo, numa
tentativa desesperada de baixar juros e preços, promovia um “intervencionismo
na economia que caracterizava um capitalismo de estado à moda Chinesa”. Já em
edições posteriores a assume uma postura inversamente proporcional à ideologia
da linha editorial que até então adotava – com uma reportagem de capa
intitulada de “Choque de Capitalismo” a revista rasga elogios à Presidenta
Dilma, afirmando que o pacote de medidas adotadas pelo governo em relação à
infraestrutura do país, com projetos que somam mais de R$ 50 bilhões que serão
injetados na economia, o governo promove um “choque de capitalismo” que pode
resolver boa parte do problema conhecido com “custo Brasil”. A revista, neste
momento, hipotecou publicamente seu apoio à presidente, por meio do editorial
escrito por Eurípedes Alcântara.
Encurralada ante a ameaça de virar capa
de outras revistas do gênero (com o aconteceu com a revista Carta Capital) e de
ter que enfrentar a desgastante rotina de se transformar em alvo até de uma
nova CPI, que poderia ser chamada de CPI da imprensa, a direção da Editora
Abril parece ter repensado sua postura de agir dentro dos limites da
irresponsabilidade, ao se aliar a uma quadrilha, com objetivo de denegrir a
imagem do governo do PT e de outros políticos ligados à esquerda e parece ter
mudado sua linha editorial, que se pautava pelo vale-tudo em nome da liberdade
de imprensa, demonstrando publicamente sua adesão ao atual governo.
Afinal, quem mudou? A revista Veja? A
editora Abril? Ou, de repente o governo que era até então demonizado, virou
santo!
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