terça-feira, 6 de março de 2012

Mandato de um ano.


      No Brasil temos a mania de afirmar que o ano só começa após o carnaval e muita gente utiliza esse tipo de argumento para justificar a incompetência ou a própria preguiça para tentar tocar a vida de maneira normal. O que acontece na verdade é que os meses de janeiro e fevereiro coincidem com as férias escolares e os familiares aproveitam para também tirar férias e as repartições públicas fazem algo que este cidadão e o restante da nação não consegue entender – Simplesmente fecham as portas e viram as costas para os contribuintes que pagam religiosamente seus impostos, dos quais resultam os recursos que servem para pagar os salários do funcionalismo.  Já pensaram se todos as pessoas resolvessem fazer o mesmo? Com certeza teríamos uma grave crise de abastecimento e o planeta simplesmente pararia por completo. Seria o Caos!
      Pior que isto é uma outra realidade que temos observado ao longo dos anos a respeito dos políticos e dos gestores públicos que administram as pequenas cidades. Para eles o “farra do Carnaval político” dura três anos, assim, lá pelo final do terceiro ano de mandato é que eles realmente começam a se mexer e trabalhar, imitando a “mania Brasileira” de só começar o ano após o carnaval. O que podemos imaginar é que esta mentalidade retrógrada e tacanha tem como único objetivo conseguir a própria reeleição ou fazer o seu “sucessor” para dar continuidade à farra.
      Tive a oportunidade de ler uma frase que me chamou bastante a atenção e que dizia mais ou menos o seguinte: “político bom e inteligente é aquele que aparece no final, coloca a janela, pinta a casa e depois vende a propaganda de que construiu o empreendimento” . Essa frase foi proferida por um Político em seu primeiro ano de mandato e duvido muito que ele reconheça a autoria da sua própria cria, mas serve muito bem para ilustrar a situação. Foi pensando nisso que uma noite dessas, acabei tendo um sonho interessante – que as regras eleitorais haviam sido totalmente modificadas e que todos os candidatos eleitos seriam diplomados para o mandato de apenas um ano. Isso mesmo! Apenas um ano e nada mais, com a ressalva de que pudesse haver prorrogações sucessivas por mais um ano, até que se completasse os quatro regulamentares, através de um mecanismo de aprovação, uma espécie de “referendo”, onde a população pudesse comparecer e dar o “Sim” ou “não” por mais um ano.
      É claro que não passa de um sonho utópico e apoteótico que poderia até servir como enredo de carnaval para uma das grandes escolas de samba, mas se pensarmos bem, até que a idéia do sonho é bem interessante e daria à população a chance de “expurgar”, já ao final do primeiro ano de mandato, os políticos corruptos e incompetentes que infestam os cargos públicos e premiaria os políticos idealizadores, competentes e bem intencionados, que teriam, com certeza, o reconhecimento da população e seriam reeleitos sucessivamente, além de servir para inibir a candidatura de “aventureiros” que entram na política só pra se dar bem.
      Quando comentei meu sonho com um amigo veio logo a pergunta: E se a população tirar o cara no primeiro ano, quem assume o cargo? Bem, aí fica fácil, respondi! É só diplomar o segundo mais votado e sucessivamente o terceiro, caso necessário, até se completar o mandato de quatro anos. Com um processo eleitoral dessa forma, com certeza teríamos muitos candidatos, pois as pessoas sérias e decentes encontrariam motivos para entrar na política.
      Vai sonhando! Disse o amigo com ar de gozação. Respondi a ele que é melhor ter sonhos grandiosos que ficar com o pesadelo de imaginar que os incompetentes e os corruptos possam ter a chance de se candidatar e conseguir a reeleição por mais quatro anos. Afinal, sonhar não é crime!

Francisco Ricci – Economista, membro do Observatório Social 

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