Toda essa onda crescente de protestos que toma
conta do país vai servir pra alguma coisa, a não ser abaixar o valor das
tarifas dos transportes urbanos nas grandes cidades? Essa é a pergunta
recorrente que a maioria dos brasileiros está fazendo!
O que podemos sentir é que os
governantes estão acreditando que a simples regulação dessas tarifas vai
acalmar o ânimo e fazer com que tudo volte ao normal. Podem apostar que não! O
povo finalmente começa a descobrir a força que tem, não suporta mais tanta
bandalheira e tanta promessa de mudanças no país.
Podemos perceber que a ficha de
nossos políticos ainda não caiu, eles acham que isso é somente um movimento
passageiro e que o povo mais uma vez pode ser enganado com migalhas, a simples
redução de tarifas, esquecendo-se de que a revolta não ocorre por simples vinte
centavos, a revolta é por 500 anos de desmandos e de mazelas das classes que
até aqui ocuparam o poder. A revolta é pela corrupção que cresce mais a cada
ano; pelo abandono do povo; pela falta de um moderno programa educacional; de
um sistema de saúde que funcione e possa atender com dignidade o ser humano; de
um sistema de segurança pública que possa realmente fazer com que o cidadão se
sinta seguro, pelo menos dentro de sua própria casa; de um sistema político
institucional que seja verdadeiramente democrático, permitindo a participação
da sociedade nas decisões e na fiscalização do uso dos bens e do gasto público;
de um sistema judiciário que verdadeiramente funcione e que deixe de punir de
mentirinha as pessoas que cometam crimes, que acabe com classes privilegiadas
que praticam todos os tipos de irregularidades e não podem ser alcançadas pelas
leis do país, tal qual políticos, ministros, juízes, promotores,
desembargadores e demais autoridades que possuem foro especial, seguindo
verdadeiramente o princípio constitucional de que todos são iguais perante a
lei; que os tetos salariais sejam respeitados por todas as instituições do
país, acabando de vez com os auxílios, verbas indenizatórias, diárias
exorbitantes, gastos com assessores, ajudas de custo, carros, combustíveis e
telefones pagos com dinheiro público e toda essa parafernália de gambiarras
feitas para engordar salários; que a regra das aposentadorias seja igual para
todos os cidadãos do país, independente do cargo ou de posto que o mesmo ocupe;
que todos os privilégios e regalias de quem ocupa cargo público sejam eliminados;
que o Sistema Único de Saúde seja, como diz o próprio nome, o único a ser
financiado pelo estado, acabando-se com os privilégios de deputados, senadores,
ministros de estado, membros dos poderes executivo legislativo judiciário e
demais autoridades que utilizam os melhores e mais caros hospitais do país, sem
limites de gasto, com a conta paga pelo estado e que como qualquer cidadão que
deseje um atendimento especial, adquiram um plano de saúde à própria custa,
afinal, recebem salários condizentes para isso, diferentemente da grande
maioria da população; que se acabe com a farra do dinheiro público doado a partidos
políticos, muitos deles criados apenas para receber benefícios do estado; que
se abram as caixas pretas das contas públicas de Estados, Municípios, Tribunais
de Contas, órgãos e instituições públicas e das obras públicas feitas com
licitações fraudadas e super faturadas, criando-se mecanismos de transparência
que permitam a fiscalização e o controle pela sociedade; e, que haja limite
para a reeleição de políticos, para que haja constante renovação nos quadros e
impeça que os cargos sejam ocupados sempre pelas mesmas pessoas, evitando-se
assim os vícios e as malandragens comumente utilizadas para se obter reeleição
e perpetuar no poder pessoas sem caráter, sem dignidade e sem respeito pelo
povo e pela pátria.
Então, o que o povo realmente
quer é pouco, é apenas igualdade, respeito, dignidade, saúde, segurança,
transparência no trato de tudo o que é público, fim de privilégios para
determinadas classes, um sistema político seguro e simplificado que seja
baseado em princípios e não em pessoas e interesses; leis claras,
verdadeiramente punitivas e simplificadas com uma justiça ágil e verdadeira.
Tudo isso pode ser alcançado com
facilidade, sem traumas, sem revolução, sem protesto, em paz, com consciência,
democracia e participação popular, para isso basta vontade política para que
sejam feitas as reformas que o país pede e que os políticos sempre prometem e
nunca cumprem.
A única forma de conter o povo e
de acabar com os protestos é iniciar já as reformas que o país necessita com
urgência: as reformas política, educacional, administrativa, judiciária,
previdenciária, fiscal e institucional, ou seja, que os governantes façam uma
verdadeira revolução reformista que conte com a participação de toda a
sociedade brasileira, para que possa gozar de credibilidade, coisa que a classe
política deixou a muito tempo de ter, afinal, é para isso que elegemos nossos
representantes, que quando chegam ao poder se esquecem do povo e da nação e
procuram cuidar apenas de seus próprios interesses.
Os recentes acontecimentos não
nos deixam dúvidas – ou as autoridades começam a revolução das reformas ou a
sociedade começa a revolução popular.
Publicado em 22/06/2013 na coluna OPINIÃO do jornal Enfoque Regional.
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