terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O verdadeiro sentido do Natal.


“Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (Deus conosco)” Mateus 1:23
      Chega à época do Natal e o que vemos são as cidades em festa permanente, com seus milhares de enfeites e suas luzes multicoloridas que fascinam criaturas de todas as idades, árvores que brilham de dia e de noite, papais-noéis com roupas do pólo norte suando “horrores” no verão tropical, o comércio borbulhando e fazendo a alegria dos comerciantes, as ruas entupidas de gente, pessoas disputando centímetros quadrados nas lojas e shoppings para comprar bugigangas e supérfluos que jamais utilizarão. O consumismo desvairado leva pessoas de todas as classes sociais - ricos, pobres, remediados e classe média a comprarem coisas que até a própria razão desaconselha, mas que as pessoas acham que devem comprar por ser a época do Natal. Surgem então os banquetes de confraternização, a farta distribuição de presentes, as brincadeiras de “amigo secreto” e um monte de outras bobagens que nada tem a ver com o verdadeiro significado do Natal.
      As mesas, mesmo as mais pobres, se enchem de produtos criados pela fértil imaginação do mercantilismo comercial, que tem como único objetivo faturar cifrões à custa dos ingênuos consumidores. Dessa forma, o Natal, a exemplo de outras datas comemorativas do calendário cristão, transformou-se em uma enorme pandemia que contaminou todo o planeta. Essa febre parece ter afetado todas as pessoas e seus sintomas que costumavam se manifestar apenas no mês de dezembro, ultimamente começa a atacar lá pelo mês de outubro, quando o comércio começa a desenvolver suas gigantescas campanhas promocionais no sentido de fazer com que as pessoas “vacinadas” contra essa doença, também se contaminem e passem a engrossar o exército dos insaciáveis consumidores do natal. Consumidores do Natal? Isso mesmo! Infelizmente o natal transformou-se num refinado produto de consumo que leva as empresas de marketing e propaganda e produzirem verdadeiras mágicas no sentido de desenvolver campanhas publicitárias para “vender” a data em grande estilo. Nesta época do ano somos bombardeados pela propaganda com dezenas de “votos” de paz, felicidade, harmonia,  boas festas, esperança e dezenas de outras falsas mensagens de otimismo que carregam em si um único objetivo – transformar a data no melhor produto de consumo do planeta.
      Na verdade, esta é a época do ano que deveríamos exercer na plenitude a nossa espiritualidade, praticando verdadeiramente a cristandade, mas, ao invés disso, preferimos as festas, as viagens, as compras, os presentes, as confraternizações, a comilança e a bebedeira, quando aproveitamos ao máximo a pratica de atos mundanos, típicos do ser humano, esquecendo que o Natal deveria ter um sentido tipicamente e profundamente espiritual.
      Para os cristãos o Menino representado no presépio é o Deus da ternura, da inocência, do humanismo e do mistério que se abre à compreensão e à fé. O espírito e fascínio do Natal entraram também no mundo do consumismo, da ignorância religiosa e da indiferença ética, no mundo secularizado que se descristianiza e por isso se desumaniza. Celebramos o Natal em ambiente de contradições que desvirtuam o sentido da celebração, e transformam a celebração e o próprio fato da Encarnação do Filho de Deus num sinal sem conteúdo e sem impacto no coração das pessoas. (D. Armindo Lopes Coelho, Bispo do Porto-Portugal)
Eis que este menino está destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições” (Cf, Lc 2,34)
      Quando festejamos o aniversário de alguém de nossa família, todas as honras, toda a atenção e todos os presentes são destinados ao aniversariante, e este, com certeza precisa estar presente na festa, pois sem ele o festejo não teria razão de acontecer. O mesmo não acontece nos festejos do Natal, onde, apesar de toda pompa e circunstância do acontecimento, regado a presentes, panetones, perus, chocolates, carnes e bebidas fartas e diversas outras guloseimas, a principal figura da festa, o homenageado, quase sempre se encontra ausente e esquecido.
      Devemos sim comemorar o Natal junto de nossos familiares, em grande estilo, sem exageros, sem bebedeira, como uma celebração à vida, com a consciência de que estamos comemorando o nascimento de nosso salvador, pois o verdadeiro brilho do Natal só acontece de fato quando, ao invés de ficarmos trocando presentes, nos lembramos de que o maior presente recebido por nós foi Jesus, uma promessa de Deus para salvar e resgatar a humanidade, que nasceu para morrer por nós e por isso vale a pena comemorar seu nascimento e transformar o natal na maior festa de aniversário do mundo e não esquecer nunca, jamais, de abrir as portas de nosso coração, para aquele que deve ser o grande homenageado e a principal figura da festa.
     Um Feliz e abençoado Natal para todos...


Francisco Ricci - Economista, membro do Observatório Social
Artigo a ser publicado no Jornal Enfoque Regional em 23.12.2011.

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